Valadares sai do mapa de alerta de casos de arboviroses em MG
Município diminui incidência de casos de arboviroses, mas infestação continua alta
Publicado em 15/05/2018 16:34
Município diminui incidência de casos de arboviroses, mas infestação continua alta
Depois de figurar no mapa das arboviroses (dengue, zika e chikungunya) com 11.217 casos, a segunda maior incidência do Estado em 2017, Governador Valadares registrou até agora 200 notificações em 2018. Essa queda astronômica nos dígitos tem como pano de um fundo um trabalho sério e comprometido desenvolvido através do Programa Estruturador de Controle e Combate às Doenças Transmitidas pelo Aedes aegypti desenvolvido pela Prefeitura por meio da Secretaria Municipal de Saúde (SMS).
Os dados são surpreendentes. Valadares que representava 36% do total de casos do Estado no ano passado, hoje representa somente 1.23% do total de casos. Os casos de Chikungunya que totalizavam 8.566 casos em 2017, hoje representam somente 3.15% das notificações com 90 casos suspeitos. A redução também foi expressiva tanto para Dengue (de 2.529 para 106), quanto para Zika que caiu de 122 casos suspeitos para 4.
Em Minas Gerais, de acordo com o último Boletim Epidemiológico publicado no dia 7 de maio pela Secretaria Estadual de Saúde (SES), houve nos últimos dois meses um aumento de quase 250% no número de casos de Chikungunya. Já em Governador Valadares é possível observar a diminuição da incidência, não somente desta doença como das demais arboviroses, contrariando o cenário observado em importantes municípios do Vale do Aço e de outras regiões. É importante destacar que a redução do total de casos em Valadares gerou um impacto considerável na incidência de casos deste ano, fazendo cair em quase 125% as estatísticas de arboviroses em todo o território estadual.
Cenário Epidemiológico
Governador Valadares apresentou historicamente um cenário de altíssima infestação de Aedes aegypti tendo em vista as condições climáticas favorecedoras do aparecimento de criadouros. Apesar do resultado do LIRAa de janeiro de 2018 ter apontado uma infestação de 10.9%, índice considerado extremamente elevado comparado aos parâmetros da Organização Mundial de Saúde (OMS), ações efetivas de monitoramento e bloqueio vetorial permitiram redução significativa do número de casos, conforme se pode observar no gráfico abaixo.
Fonte: SINAN on line – acesso em 07-05-2018
Os bairros de Valadares que mais chamam atenção quanto à incidência de casos das doenças transmitidas pelo Aedes são o Turmalina (18 casos); Altinópolis (14 casos); Santa Helena (11 casos); Santa Rita e Jardim do Trevo (09 casos); Conjunto Sir e Carapina (06 casos). É mediante essas informações e também do acompanhamento de infestação do mosquito que são traçadas estratégias para intensificar as ações de controle, monitoramento e combate.
Mortes por arboviroses
Até o momento, conforme Boletim Epidemiológico/Nota Técnica Informativa liberada pelo Departamento de Vigilância Epidemiológica da SMS, não houveram mortes relacionadas às arboviroses em 2018 no município. Em 2017, dos 30 óbitos analisados, 17 foram descartados, 12 confirmados e 1 segue em investigação, todos deles em decorrência de Chikungunya, acometendo em sua grande maioria, usuários idosos que apresentavam outras doenças como diabetes, hipertensão, doença renal crônica, etilismo e tabagismo.
O cenário de infestação - 2° LIRAa
O primeiro Levantamento Rápido de Índice de Infestação pelo Aedes Aegypti (LIRAa) realizado em janeiro de 2018 apontou para uma infestação de 10,9%, a mais alta da história do município. O fator climático de altas temperaturas associado a um período chuvoso mais intenso favoreceu a atividade dos criadouros. Estes fatores possibilitaram uma redução ainda pequena da densidade vetorial no município, medida no segundo LIRAa realizado em abril deste ano, onde foi verificado uma infestação de 9,0%. Esse índice foi 0,5% maior do que o mesmo período do ano anterior - 8,5% em abril de 2017. Observa-se que apesar do intenso esforço das ações de limpeza urbana, controle vetorial e mobilização social, a atuação da população na eliminação de criadouros que, em sua maioria, estão dentro dos domicílios, ainda deixa a desejar.
O Boletim Epidemiológico/Nota Técnica Informativa do Departamento de Vigilância em Saúde/Ambiental revelou que 76% dos focos do mosquito continuam dentro das casas. Deste total, 32% correspondem a ralos destampados, calhas e lajes; 21,9% ao armazenamento incorreto de água em recipientes/reservatórios; 21,40% a vasos e pratos de plantas; e 16,40% ao armazenamento e descarte incorreto de lixo.
Os bairros com maior índice de infestação são Córrego dos Borges (50,0%), Parque Olímpico (33,3%), Vila Império (25,0%), Figueira do Rio Doce (21,1%), Cidade Jardim (21,4%), São Geraldo (20%), Jardim do Trevo (17,8%), Santa Paula (17,2%), Vila Ozanan (16,2%), Morada do Vale (15,4%), Vila Ricardão (15,4%) e Nossa Senhora de Lourdes (15%).
Ações
Atenta à situação, a SMS, por meio do Núcleo de Gestão Estratégia e Saúde (NGEIS), desenvolveu o Programa Estruturador de Controle e Combate às Doenças Transmitidas pelo Aedes. Diversas frentes de trabalho foram pensadas na expectativa de, não somente atender com qualidade os usuários acometidos pelas arboviroses, como também de intensificar o controle vetorial e a mobilização da população para a eliminação de focos.
No âmbito da organização dos serviços de saúde, já na epidemia de 2017, foi aberto o Ambulatório Rui Pimenta que atendeu uma média de 180 pacientes por dia, ofertando atendimento médico, de enfermagem e farmacêutico aos usuários, garantindo assistência imediata e de qualidade. Foi também estruturado um serviço específico de reabilitação para pacientes com Chikungunya e Zika no CADEF, com a disponibilização de equipe multiprofissional composta por médico reumatologista, fisioterapeutas, psicólogos, educadores físicos, dentre outros. As 61 equipes de Saúde da Família e dos NASF’s foram qualificadas e receberam a devida estrutura para o acolhimento dos casos. Ao todo, a rede pública de saúde do município absorveu 11 mil usuários acometidos por arboviroses, não tendo havido relatos formais ou informais de dificuldades quanto ao atendimento.
Já no eixo de controle vetorial do Programa, houve um grande investimento no monitoramento dos bairros e na qualificação/organização da rotina de trabalho das equipes de endemias. Todos os profissionais foram envolvidos em oficinas de capacitação e tiveram revisadas as suas rotinas com oferta de uma nova estrutura de trabalho. Foi implantado o Programa MI-Aedes que vem possibilitando o acompanhamento da evolução da infestação por meio de 480 armadilhas que foram instaladas em pontos estratégicos do município, cobrindo todos os bairros da área urbana. Essa ferramenta permite monitorar a circulação do mosquito e a circulação viral, favorecendo sobremaneira a precisão das intervenções, especialmente no bloqueio vetorial quando são identificados casos positivos em humanos.
Já na área da mobilização social diversas instituições foram convidadas a integrar um grande movimento de combate ao vetor. Lideranças religiosas, escolas, associações de bairro, unidades de saúde e entidades de classe integram uma grande rede de trabalho com um só objetivo: colaborar com a eliminação do Aedes.
A Prefeitura conseguiu diminuir consideravelmente o número de casos, no entanto, há ainda uma grande preocupação quanto à redução da infestação que merece atenção do poder público e, especialmente, da população, na abordagem das condições que são favorecedoras de criadouros do mosquito transmissor das arboviroses que estão dentro das casas.
por Secretaria de Comunicação e Mobilização Social