Boletim Crise Hídrica, dia 17
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Publicado em 17/11/2015 20:45
POÇOS ARTESIANOS ESTÃO SENDO PERFURADOS EM VALADARES?
Estão, sim. Mais de 15 locais da cidade já foram identificados para a perfuração, com uma perfuratriz (equipamento) cedida pela Copasa. Só que o município não é como o Vale do Aço que tem muita água no subterrâneo. As perfurações estão encontrando pouca água. Num deles, a 100 metros de profundidade, conseguiu-se 20 litros por hora, muito abaixo da quantidade de água necessária pra auxiliar no abastecimento em Valadares. Para se ter uma ideia, são necessários 1200 litros POR SEGUNDO para garantir o abastecimento da cidade.
PORQUE A ÁGUA AINDA NÃO CHEGOU NA MINHA CASA? O SAAE INTERROMPEU O ABASTECIMENTO?
O SAAE mantém o abastecimento normal. No início do reabastecimento, as partes mais próximas e mais baixas recebem água primeiro. É preciso encher os reservatórios do SAAE em diversos pontos da cidade para que a água chegue em todos os locais. A quantidade de água tratada pode variar ao longo do dia, o que nem sempre significa que o abastecimento será paralisado. Com a lama do rio, o que tem sido necessário é um maior número de interrupções para limpar a lama das bombas e dos equipamentos. Ainda dentro da nossa PREVISÃO, até sexta-feira a água deve chegar a todas as torneiras, se não houver nenhum contratempo.
COMO FUNCIONAM O COMITÊ DE CRISE E AS AÇÕES DE EMERGÊNCIA?
Desde que foi decretado o estado de Calamidade Pública, um Comitê de Gerenciamento de Crise do qual fazem parte a Prefeitura, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, Poder Judiciário, Ministério Público, Defesa Civil Municipal, Estadual e Federal, UFJF, entre outros. Homens do Exército estão na cidade colaborando com a distribuição da água. Servidores públicos e voluntários também estão totalmente envolvidos, inclusive, em todas as ações de distribuição de água no fim de semana. 110 caminhões-pipa para o transporte de água potável juntam-se aos mais de 1 milhão de litros de água já entregues a população nos pontos de distribuição.
VALADARES AINDA PRECISA DA DOAÇÃO DE ÁGUA? E DE DINHEIRO?
Sim, precisa. Nenhum esquema de emergência será desativado, por enquanto; primeiro porque há locais onde a água ainda não chegou; segundo, porque ainda não se sabe quanto de lama ainda está por vir pelo rio. Mantemos o alerta. Doações são entregues no 6° e no 43° batalhão de Polícia Militar. Doações em dinheiro são direcionadas à conta administrada pelo Comitê de Gerenciamento de Crise que é o responsável por definir em que o dinheiro será gasto. Banco do Brasil, Agência: 0166-x, conta 116.537-2
QUANTOS LITROS DE ÁGUA FORAM ENVIADOS À CIDADE PELA SAMARCO?
A Samarco ainda não conseguiu suprir a necessidade de água potável para a população valadarense. Em nota oficial, a empresa confirma ter enviado 8 milhões de litros de água para a cidade desde o acidente, no dia 5 de novembro, até ontem, dia 16. São necessários, ao menos, 15 milhões de litros POR DIA para atender as necessidades mínimas dos 280 mil habitantes de Governador Valadares. Pra fins de comparação, em dias de captação normal, o SAAE distribui cerca de 60 milhões de litros de água por dia para toda a cidade. Ressalta-se que a Samarco está cumprindo com parte do Plano de Emergência entregue a ela pelo Comitê de Gerenciamento de Crise.
E A CAPTAÇÃO ALTERNATIVA AO RIO DOCE?
A empresa ECM S.A, contratada pela Samarco, já está com os engenheiros na cidade fazendo os levantamentos de campo (topografia, sondagem...) para fazer o projeto executivo da obra que a empresa executará. O prazo dependerá, pois ao invés de provisória poderá ser definitiva dependendo das condições da água do Rio Doce.
CASOS DE DENGUE TEM AUMENTADO?
Embora as pessoas estejam armazenando água em baldes, caixas e reservatórios, não há registros de aumento no número de casos de dengue em função disso. Inclusive, no início do mês foi realizado o último LIRAa e os focos diminuíram, se comparados ao segundo resultado. O índice ainda é alto e o maior número de focos continua sendo encontrado dentro das casas, em ralos e pratos de plantas, mas os agentes de endemias seguem orientando a população a como combater o mosquito transmissor da dengue, Chikungunya e Zikavírus e, colocando larvicida nos locais onde podem ser encontrados focos do mosquito. E esse trabalho de conscientizar a comunidade no que se refere a doenças vai ser intensificado com a contratação de mais 100 agentes de endemias em caráter de urgência.
O ABASTECIMENTO DO SAAE PERMANECE?
A lama não parou de “descer” pelo rio Doce e não é possível medir quanto de lama está “descendo” ou quanto ainda irá passar pela cidade. A maior ou menor quantidade de lama afeta quanto o SAAE consegue tratar de água. Também a chuva altera a quantidade de lama na água; com menos quantidade de lama (turbidez mais baixa), o SAAE consegue mais rápido separar a lama da água (decantar) e processar o tratamento. Por isto, o monitoramento é constante e a quantidade de água tratada pode se alterar de uma hora para outra, o que nem sempre significa que o abastecimento será paralisado, só diminuído ou aumentado. Outra questão que altera a quantidade de água distribuída é que, com a lama, o SAAE tem que parar mais vezes o tratamento para limpar os equipamentos. Caso seja necessária a interrupção novamente, a população será informada oficialmente. Por isto, pela instabilidade da situação, nenhum esquema de emergência de distribuição de água será interrompido.
MAS NÃO DEMORARIA UM MÊS PRA VOLTAR A TRATAR ÁGUA DO RIO DOCE?
A tragédia causada pelo rompimento da barragem da Samarco em Mariana, MG, não era esperada por nenhuma das cidades ribeirinhas do Rio Doce. Todas, de Mariana ao Espírito Santo, estão aprendendo a lidar, agora, com a situação de crise instaurada. Abastecimento emergencial, captação de água alternativa, poços artesianos, análises da água do Rio Doce... tudo foi feito initerruptamente desde o dia 5/11, quando a barragem de Fundão cedeu e causou esse estrago ainda incalculável. As análises iniciais da lama densa apontavam que naquele grau de concentração não era possível tratar a água e não se sabia quando seria possível, novamente. Porém, a parte mais grossa da lama passou por Valadares rumo ao Espírito Santo e novos testes apontaram que em concentrações menores da lama, era sim possível tratar a água com o reagente polímero de acácia negra, somando ao tratamento convencional. Laudos da COPASA e da FUNED atestam que essa alternativa é, sim, viável. O SAAE mantém análises diárias pra garantir a qualidade da água distribuída aos valadarenses.
A ÁGUA É MESMO POTÁVEL? E A CONCENTRAÇÃO DE CLORO?
Hoje, dia 17, um novo laudo apresentado ao SAAE pela FUNED, a Fundação Ezequiel Dias, reafirmou que a água (lama) presente no Rio Doce, na altura de Governador Valadares não é tóxica. Esse laudo endossa aqueles já apresentados após análises periódicas da água feitas pela COPASA e pelo SAAE. Os níveis dos chamados metais pesados, como mercúrio, cádmio, arsênio e chumbo estão dentro do limite recomendado pela resolução do CONAMA, o Conselho Nacional do Meio Ambiente, ou seja, abaixo dos níveis prejudiciais à saúde. Depois de captada do rio, o reagente (polímero de acácia negra) separa a lama da água, que ainda passa pelo tratamento convencional, antes de ir pra torneira das casas, eliminando, assim, qualquer prejuízo à população. Ferro, alumínio e manganês são retirados da água com o tratamento convencional. Após tratada, a água enviada às casas está em conformidade com os níveis de cloro regulamentados pela portaria 2.914 do Ministério da Saúde. O aumento na sua concentração se dá pra garantir a qualidade da água que chega às torneiras.
E AS TAIS ETAS MÓVEIS?
No auge da chegada da lama, no primeiro Plano de Emergência enviado à Samarco, foram solicitadas Estações de Tratamento Móveis (ETA) para que se pudesse ajudar. A Samarco enviou não uma ETA móvel (que seria flutuante), mas sim uma ETA modular; esta tem que ser montada em concreto (fixa). Desta forma, a ETA está guardada para ser utilizada quando necessário ou até na captação alternativa, se for o caso.
por SECOM