Caminhada ocupa ruas do centro da cidade em luta por múltiplas causas
Ação para celebrar o Dia Nacional da Luta Antimanicomial e de Combate à Violência Sexual a Crianças e Adolescentes culminou na Praça dos Pioneiros e reuniu profissionais conselheiros, acadêmicos, representantes de entidades e comunidade
Publicado em 21/05/2018 08:53
Ação para celebrar o Dia Nacional da Luta Antimanicomial e de Combate à Violência Sexual a Crianças e Adolescentes culminou na Praça dos Pioneiros e reuniu profissionais conselheiros, acadêmicos, representantes de entidades e comunidade
Um dia de luta por múltiplas causas. Da Praça Serra Lima, passando pela avenida Minas Gerais e rua Marechal Floriano, com chegada na Praça dos Pioneiros, uma caminhada marcou hoje (18) em Governador Valadares o Dia Nacional da Luta Antimanicomial e Dia Nacional de Combate à Violência Sexual a Crianças e Adolescentes. O movimento atraiu a atenção de quem estava nos comércios e calçadas e o trânsito, por um momento, cedeu lugar à voz de profissionais, conselheiros, acadêmicos, representantes de entidades e comunidade engajada com as causas ligadas às áreas da saúde e assistência social.
Por meio da arte e muita informação os promotores do evento trabalharam a mobilização e conscientização popular sobre os temas, conhecidos, mas nem sempre destacados no meio social quando o assunto é o enfrentamento. Suzana Lopes, 19, estudante do ensino médio, estava na rua com primos e amigos quando o som dos instrumentos de percussão que acompanhavam a caminhada lhe chamaram a atenção. “Eu não sabia que nesta data se celebravam essas bandeiras de luta. Mas apoio a manifestação totalmente porque este é um ato de coragem e que pressiona autoridades e sociedade a fazerem algo para enfrentar”, disse.
O corretor de imóveis, Ricardo Leite, 64, também parou para ver a caminhada passar. E arriscou um palpite. “Essas iniciativas são importantes, mas não deveriam ocorrer anualmente, deveríamos ver isso de forma mais insistente para que ninguém possa dizer que não se lembra. A sociedade precisa estar melhor informada e atenta a estas causas”, comentou.
Coordenadora da Saúde Mental no município e professora do curso de Psicologia da Universidade Vale do Rio Doce (Univale), Solange Nunes Coelho, disse que apesar dos muitos dispositivos e equipamentos públicos nas áreas da saúde e assistência social para cuidar das pessoas com algum tipo de transtorno mental, em liberdade convivendo em sociedade e com a família, ainda temos muito a avançar. “Tivemos inúmeras conquistas, mas continuamos a luta para avançarmos ainda mais no tratamento das pessoas com transtorno mental, garantindo sempre os direitos humanos, a liberdade e a dignidade destes pacientes, sem retrocessos para que nunca mais aconteça o holocausto brasileiro, que foi o período em que essas pessoas eram isoladas em manicômios”, defendeu.
A assistente social do Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos (PAEFI)/Núcleo de Crianças e Adolescentes do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), Cláudia Maria Siman Fernandes, posicionou a gravidade da violência sexual a crianças e adolescentes. “No Brasil, anualmente, 13 milhões de crianças e adolescentes são abusadas apesar dos mecanismos de lei, como o Estatuto da Criança e do Adolescente. E Valadares não está fora desta realidade. Realizamos o trabalho de escuta destas crianças e adolescentes e suas famílias, casos trazidos pelo Conselho Tutelar, e avaliamos a necessidade de encaminhamentos para atendimento na rede, como tratamento terapêutico”, explicou.
O Conselho Tutelar confirma que o número de denúncias em Valadares é assustador. Segundo a coordenadora do Conselho Tutelar da Região II, Marlene Maria da Silva Neto, por semana, o Conselho recebe de cinco a oito denúncias de suspeita e/ou abuso sexual de crianças e adolescentes. “Mas na realidade esse número é muito maior porque as famílias tem medo de se expor, porque quase sempre o abusador é alguém muito próximo do convívio. O que assistimos hoje é a proteção do abusador e não da vítima”, ressaltou.
Marlene Neto alertou ainda que “o mito em torno da figura do padrasto é falso. Entre os principais abusadores estão, primeiro pais, avôs e tios”. E alertou que, além de homens, em Valadares, já há o registro de denúncias em que mulheres aparecem como abusadoras de meninas e meninos. “Por isso, a importância da conscientização da população para a observação de sinais de violência sexual contra crianças e adolescentes e quanto ao fato de que a vítima precisa falar como caminho para enfrentarmos e combateremos a violência sexual contra este público”, frisou.
O evento foi organizado pela Univale, que teve à frente o curso de Psicologia, e contou com a parceria da Prefeitura por meio das secretarias municipais de Assistência Social (SMAS) e conselhos vinculados - Conselho Municipal Antidrogas (COMAD) e Conselho Tutelar, de Saúde (SMS) e de Cultura, Esporte, Lazer e Juventude (SMCEL).
por Secretaria de Comunicação e Mobilização Social