Família Acolhedora: uma alternativa de proteção e garantia de direitos
Evento propôs a implantação e expansão do serviço em Valadares e municípios da região como política pública necessária para avanços no acolhimento de crianças e adolescentes
Publicado em 25/05/2018 11:44 - Atualizado em 25/05/2018 11:53
Evento propôs a implantação e expansão do serviço em Valadares e municípios da região como política pública necessária para avanços no acolhimento de crianças e adolescentes
Uma tarde de informações, estudos, reflexões e novas construções acerca das políticas públicas de acolhimento de crianças e adolescentes em serviço de Família Acolhedora. Esse foi o resultado da tarde de ontem (24), durante o Seminário Família Acolhedora que aconteceu na 8ª Região da Polícia Militar (RISP), em Governador Valadares.
O evento foi promovido pela Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Assistência Social (SMAS), em parceria com a Coordenadoria Regional das Promotorias de Justiça de Defesa da Educação e dos Direitos das Crianças e dos Adolescentes do Rio Doce (CREDCA/VRD). E contou com palestras, momentos culturais e testemunhos de quem aderiu ao serviço para acolher crianças e adolescentes.
O Serviço Família Acolhedora representa uma modalidade de acolhimento provisório destinado a crianças e adolescentes de zero a 18 anos incompletos que precisam ser afastados do seu meio familiar por medida de proteção. Possibilita o cuidado e proteção, convivência em ambiente familiar e comunitário até que seja possível a reintegração familiar.
Uma alternativa importante à institucionalização de crianças em abrigos ou casas lares, o desafio para autoridades e profissionais do Sistema de Garantia de Direitos é tornar esta modalidade conhecida o suficiente e sensibilizar pessoas, para que mais famílias se candidatem a participar.
O secretário municipal de Assistência Social de Valadares, Heldo Armond, que representou o prefeito André Merlo, em viagem, avaliou que desde a criação do serviço no município, em 2009, muitos avanços aconteceram, mas a sensibilização e conscientização da população ainda é objetivo perseguido pelos atores envolvidos neste processo de acolhimento do público infanto-juvenil em vulnerabilidade. “Trabalhamos a divulgação do serviço de forma constante, e percebemos o medo de se criar o vínculo com a criança e o adolescente acolhido provisoriamente, porque a perspectiva é sempre o retorno à família de origem. No entanto, temos uma equipe técnica qualificada, formada por psicólogos e assistentes sociais, que assegura o suporte necessário às famílias interessadas a se tornarem uma família acolhedora”, comentou.
Segundo Armond, a importância em fortalecer o serviço em Valadares e expandí-lo a outros municípios é o fato de, “no seio de uma família acolhedora, esta criança ou adolescente estar em um ambiente mais próximo a um ambiente familiar, onde há uma atenção especial à sua individualidade, o que seguramente, já comprovado, contribui para um melhor desenvolvimento emocional, cognitivo e social”.
O promotor de Justiça da Coordenadoria Regional de Defesa da Educação e dos Direitos das Crianças e dos Adolescentes do Rio Doce, Marco Aurélio Moreira apresentou o primeiro painel do evento, com o tema Família Acolhedora: Um Serviço Público. Para o promotor, que reuniu para o evento sete municípios em sua Coordenadoria Regional, o principal o objetivo do seminário é “ensinar política pública”.
Segundo ele, a sociedade ainda colhe uma herança cultural do assistencialismo e hoje, as políticas públicas apresentam uma metodologia, um controle social que impõem a necessidade de uma mudança que para muitos municípios ainda precisa acontecer. "Quanto mais no interior estiver um município, mais difícil se torna a implementação de um serviço como o Serviço de Família Acolhedora”, explicou. E provocou os participantes a um compromisso: “saímos daqui hoje com a decisão de implementar o Serviço de Família Acolhedora em nossos municípios”.
A psicóloga do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) de Tumiritinga, Aline Camargo, participou do seminário com boas perspectivas. “Em Tumiritinga não temos o Serviço Família Acolhedora e o evento de hoje nos oportunizou aprender sobre o serviço e colocar em prática, como equipamento, esse serviço humanizado para contribuirmos com mais qualidade no desenvolvimento de crianças e adolescentes”.
Segundo ela, atualmente, o município de Tumiritinga tem dois casos de crianças que estão acolhidas por famílias por determinação da Justiça, na ausência de Famílias Acolhedoras. “Em outros casos que já registramos as crianças foram institucionalizadas em outros serviços da Comarca, porque não temos serviços de proteção especial, mas precisamos nos qualificar para recebermos e expandir possibilidades de atendimento”, ponderou.
Maria das Graças e sua família, vivem a realidade de movimentos pastorais que sempre os sensibilizou quanto a fragilidade de muitos lares em Valadares. Hoje ela deu o seu testemunho da experiência que vivenciam há três anos desde que se tornaram uma família acolhedora. “Quando recebemos uma criança em nossa casa, mexe com toda a estrutura, mas somos muito bem preparados pela equipe de psicólogos e assistentes sociais para essas mudanças e o saldo é algo novo, muito bom na vida de todos nós”, contou.
A primeira criança que acolheu, por dois anos, ganhou a identidade de “anjinho e tivemos o privilégio de devolver para a família de oriegem”. Mas sua lição maior para o público, foi que, além de uma política pública que resguarda os direitos legais de crianças e adolescentes em ambientes seguros e humanizados, “o acolhimento não é apenas um serviço, é a vivência da caridade, porque mais que questões materiais, essas crianças e adolescentes chegam carentes de afeto, de amor”, disse num apelo às famílias que recebem esse convite especial para se tornar uma família acolhedora.
Participaram profissionais do Sistema de Garantia de Direitos de Valadares e de outros municípios da região do Vale do Rio Doce.
por Secretaria de Comunicação e Mobilização Social